terça-feira, 5 de novembro de 2013

Senhor do Bonfim forte e milagroso

                                                                  Por Stael Azevedo (Publicado no Diário de Itabira 27/10/2013)

O santuário do Senhor do Bonfim, no Morro Redondo, em Ipoema, é cenário de grandes manifestações reli- giosas. Dentre elas a Festa do Senhor do Bonfim, em setembro, a de Santa Cruz, no mês de maio, e a de Nossa Senhora do Rosário, outubro. Além dessas festas, todo mês é realizada um missa na capelinha, pelo pároco Renato Menezes Cruz.
Antes das festas religiosas ocuparem o calendário anual, bem antes disso, no tempo de Francisca de Jesus “Sá Chiquinha”, na época em que existia apenas um cruzeiro de madeira, as comunidades do entorno subiam o Morro Redondo, tradicionalmente no dia 3 de maio, para rezar aos pés do cruzeiro. Os fiéis rezavam e faziam pedidos, em seguida era servido café acompanhado com deliciosas quitandas feitas em forno a lenha e água.
Segundo Luiz Evangelista dos Santos, 55 anos, mais conhecido como “Luiz de Alvim”, morador da localidade do Maná, próxima ao Morro Redondo, diz que essa tradição ainda resiste ao tempo, com os devotos subindo ao santuário para pedir bênçãos e ajuda divina para resolverem seus problemas.
Luiz de Alvim diz que foi testemunha de milagres que aconteceram naquele alto, e relata um deles, convicto do que ele mesmo presenciou:
“Olha pra ocê vê quando a pessoa tem fé com Deus. Lá no Morro Redondo, em 2001, quando nós fez a Festa do Senhor do Bonfim, eu tava inaugurando a gruta e a água e não podia soltar foguete não, porque o capim tava muito seco. Mas a nossa alegria era tanta... Nós tava com um grupo de marujada lá, beleza, quando nós chegamos na gruta achamos que lá não tinha perigo, e as caixas de foguetes preparadas né... Aí eu gritei com a turma: Ô gente pode soltar a taca nesse trem. Pode sentar fogo nesses foguetes.
“Ah menina! Soltou dois, soltou três, soltou quatro, quando inteirou cinco o fogo agarrou no campo e nós custamos a apagar ele. Aí tinha uma dona de Itabira chamada Marlene que tava lá, e o fogo caminhando assim no capim, a mesma coisa que tivesse com gasolina, aquele trem seco, sabe, e ela tentando nos ajudar. Tirou o chinelo fora e ela tentando apagar o fogo em cima das pedras vermelhas igual brasa.
“Acredite: o Senhor do Bonfim é tão milagroso que ela não queimou os pés. Isso aconteceu em 19 de setembro, dia da Festa do Senhor do Bonfim. Lá tinha barraca, caminhão, Kombi, Voks, estacionado ao redor do fogo. Quando o fogo agarrou no mato eu gritei: Senhor do Bonfim, Nossa Senhora Aparecida, Nossa Senhora da Guia, São Cristóvão salve nós! E aquelas línguas de fogo iam subindo... um trem doido, um trem do outro mundo. E aí o pessoal da festa montou em cima para apagar o fogo.
“Totone de Jésus, Lado de Dona Dudu, Marlene. Aristeu, Élcio, meus meninos e eu, fervemos em cima do fogo. Quando apagamos o fogo vimos que o milagre do Senhor do Bonfim é grande demais, pois dona Marlene nem tuscou o pé. Mas antes de ver os pés, eu cheguei aflito perto dela e disse que precisava levar ela para o pronto-socorro. Foi quando ela passou os dedos nos pés e saiu aquela cinza branquinha, nem esquentou os pés.
“Eu já passei muito na brasa e vi muita gente passar muitas e muitas vezes, no Maná, lá na casa de Zé Francisco meu padrinho. Mas o caso de dona Marlene me impressionou. O Senhor do Bonfim é forte e milagroso.

Em tempo
Neste domingo, a partir das 13h, acontece no Morro Redondo a Festa de Nossa Senhora do Rosário pelo quinto ano consecutivo. Os festeiros são Carlos Antônio de Castro e Marta Fonseca.
O evento terá participação especial da Guarda de Marujos de Nossa Senhora do Rosário de Itabira.