terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Vai Francis pintar no azul do céu

Francis no Morro Redondo, durante o horário de almoço, num dia de trabalho voluntário
Ipoema perdeu na manhã de sábado, 14 de fevereiro, vítima de um infarto, uma de suas lideranças em prol do social, o Francisco Sales Rodrigues, o Francis. Ele foi uma das pessoas que abraçou o Morro Redondo sempre com entusiasmo estava pronto para comandar a pintura do Santuário Senhor do Bonfim. Mesmo com problema grave de coração não media esforços nem quando era para carregar peso morro acima. Assim foi quando reuniu voluntários para subir com as peças de eucalipto para a construção do mirante do Morro Redondo. Ele possuía um amor especial por este mirante natural como sua avó, Olinta Maria da Conceição quê no passado foi uma zeladoras deste local sagrado. Ele também era responsável por decorar um dos cruzeiros do Caminho de Santa Cruz, trabalho que será executado agora por suas irmãs, entre elas Joana.
Francis era brigadista voluntário e, periodicamente, liderança um trabalho de limpeza do ribeirão Aliança. Vai Francis ser útil em outras casas do Pai!

Programa Viação Cipó - Ipoema - 29/06/2014 Bloco 04

Programa Viação Cipó - Ipoema - 29/06/2014 Bloco 03

Programa Viação Cipó - Ipoema - 29/06/2014 Bloco 02

Programa Viação Cipó - Ipoema - 29/06/2014 Bloco 01

A maior Festa de Santa Cruz de todos os tempos

(Publicado no Diário de Itabira em 11 de maio de 2014)

CHAMADA DE CAPA: CAMINHADA DE SANTA CRUZ
TRADIÇÃO RELIGIOSA RENOVADA
A Caminhada de Santa Cruz, de Ipoema ao Morro Redondo, teve este ano seu maior público,
registra Roneijober Andrade, na coluna “Expressão”. Entre os participantes, personalidades
como Otávio di Toledo, apresentador do programa “Viação cipó”, da TV Alterosa, e Antônio Padovezi, diretor de Ferrosos Sudeste da Vale.! Página 8
A cada ano que passa, a Caminhada de Santa Cruz, de Ipoema ao Morro Redondo, atrai um número maior de peregrinos. Um evento marcado por cores, demonstrações de fé e de graças alcançadas. O dia de Santa Cruz (3 de maio) é comemorado há mais de 100 anos no Morro Redondo e, há seis anos, o padre Luciano Simões resgatou a tradição de caminhar em louvor ao símbolo maior dos cristãos.
Este ano, a manifestação religiosa foi realizada no sábado, 3 de maio, com um número recorde de peregrinos, além deles houve participação de vários ciclistas. Uma equipe do programa “Viação cipó”, da TV Alterosa, acompanhou tudo, desde os preparativos da festa, para fazer um programa
que irá ao ar no primeiro final de semana de junho.
Terezinha Bethônico, itabirana que vive em São Paulo e uma das colaboradoras do projeto de revitalização do Morro Redondo, veio a Minas Gerais exclusivamente para a Festa de Santa
Cruz, ela agradeceu muito a oportunidade. Outra itabirana, Leda Del Caro Paiva, que reside no Distrito Federal lamentou não poder estar presente. “Amigos, estou em Brasília, sentindo muito não poder ir à festa este ano. Alguns compromissos me fizerem cancelar a viagem. Seria o quinto ano consecutivo de participação. Desejo que todos aproveitem desta graça de participar da subida do Morro Redondo e do encontro com os amigos. Muita paz, alegria e bênçãos para todos”, informou Leda via e-mail.
A concentração foi junto ao cruzeiro incrustado ao lado da Matriz Nossa Senhora da Conceição, em Ipoema. Antes de partir para a pesada caminhada. Isolina Costa Ferreira, que acaba de ser curada de um câncer, puxou a oração, sua reza se repetiu nos doze cruzeiros seguintes. Mazza Pena foi a responsável por fazer a Oração de Santa Cruz antes da saída sob as brumas do frio ipoemense de maio. Entre os caminhantes ipoemenses como Salvador, que não perde uma Festa de Santa Cruz e personalidades como Otávio di Toledo, apresentador da Viação Cipó; Antônio Padovezi, diretor de Ferrosos Sudeste da Vale. O maratonista Wendel Cruz, mais uma vez, fez o percurso correndo.
Para muitos, a caminhada de 13km com muita subida é um desafio e a fé ajuda a superar os limites, assim foi com a belorizontina, Mazza Pena e com o morador de Coronel Fabriciano, Carlos Coelho. “Sinceramente, não sei de onde veio a energia. Mas foi bom demais ter conseguido”, exclamou
o peregrino do Vale do Aço.
A decoração das cruzes dos cajados e dos cruzeiros de sinalização do caminho é um espetáculo à
parte. Em cada um deles os fiéis repetem um ritual de encostar seus cajados para pedir bênçãos. A família de Onelvino Coelho, mais uma vez abriu as portas da Fazenda Cachoeira Alta para ofertar café, leite e quitandas aos caminhantes. A família de Taciano de Castro, também apoiando esta manifestação religiosa, coloca ao lado do cruzeiro uma mesa com água, suco, café e biscoitos.
A festa no alto do morro é assunto para a semana que vem.



segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

ASSIM O POVO REZA

MATÉRIA PUBLICADA NO DIÁRIO DE ITABIRA DO DIA 18 DE MAIO DE 2014

Editorial do jornal
A religiosidade mineira é feita de símbolos e alturas. Lá no Morro Redondo – a 1.224 metros de altitude –está, provavelmente, a mais alta das casas de reza de Itabira. Da porta dela, descortinam-se horizontes e os nossos interiores (as entranhas barrocas dessa nossa fé).
É feita de simbolismos a crença, na exata medida da compreensão possível de cada um de nós. Mas que santifica rezar no cascalho só quem já o fez pode testemunhar. Não é ato de fé, apenas de humildade – esse dom que só quem não diz o tem.
Lá naquela altura toda uma parte do povo itabirano construiu – com dificuldade e boa dose de obstinação – um lugar para nos reconhecermos no todo. É quase como se de lá pudéssemos
sussurar: aqui nos achamos.
Roneijober Andrade, ele mesmo parte daquela história que está sendo escrita lá, entendeu de registrar em imagens a Festa de Santa Cruz e as gentes até de outros lugares que nela se reconheceram (por termos todos a mesma fé barroca).
Poder publicar estas imagens e junto seus apontamentos é raro privilégio. Mais que registro de uma festa, elas são motivo de festa.


"O povo ajoelhava no cascalho e ficava rezando das três horas da tarde até as seis’

Uma festa religiosa não sobrevive mais de 100 anos por acaso. Só quem tem fé e vivencia a Festa de Santa Cruz é capaz de passar um pouco da emoção que sente ao estar no Morro Redondo. Como acontecia em décadas passadas, a festa deste ano, realizada dia 3 de maio, no Morro Redondo, em Ipoema, foi marcada por muita reza: terço, ladainha e o Ofício de Nossa Senhora. As rezas foram
conduzidas por integrantes da Guarda de Marujos Nossa Senhora do Rosário do bairro Água Fresca e o Coral do Bairro Santa Ruth.
Luiz “de Alvim” Evangelista, ex-zelador da Capela Senhor do Bonfim, acompanha a festa desde criança. “Antes, só havia lá um cruzeiro com um monte de pedra no pé dele, o povo ajoelhava no cascalho e ficava rezando das três horas da tarde até as seis. Não havia padre não, era só o povo.
Depois que construímos a capela, em 1989, é que os padres começaram a ir lá. Certa vez convidei um padre de Nova União para fazer a festa e nem acreditei quando o vi chegando montado num
cavalo”, relembra.

A festa foi abrilhantada pela Guarda de Marujos Nossa Senhora do Rosário, das comunidades rurais de Senhora do Carmo. Era esperada outra guarda de Itabira mas, devido a problemas com o transporte, ela não conseguiu chegar a tempo dos festejos.

Durante os festejos, o ipoemense Raimundo Inocentes Gomes, 90 anos, que trabalhou entre 1988 e 1989, juntamente com Juscelino de Castro (já falecido) e Luiz de Alvim na construção da Capela do
Senhor do Bonfim, foi homenageado, recebendo um exemplar do livro “Suor sagrado – Retratos das ações de fé em prol da cultura do Morro Redondo” – que conta, em imagens, a história daquela obra.

‘Quando cheguei ao topo do morro e vi aquela vista e o tanto que havia andado, senti uma enorme emoção’

Testemunhos de fé, caminhar os 13km que ligam Ipoema ao Morro Redondo não é tarefa fácil. A maior parte do percurso é de subida. Mas “a fé remove montanhas”. Os peregrinos caminham cinco horas, saindo de uma altitude de 600 metros para chegar a 1.224 metros.
Mesmo assim, várias pessoas sem preparo conseguem e sentem uma forte emoção pela conquista.
Teresinha Bethônico, itabirana que reside em São Paulo, foi uma das que se emocionaram: “É uma
renovação de fé! Mesmo sem nenhum preparo físico, fiz o caminho sem perceber a distância,
as dificuldades nas subidas. Quando cheguei ao topo do morro e vi aquela vista e o tanto que havia andado, senti uma enorme emoção e um imenso orgulho das minhas raízes mineiras”, contou.

‘Foi maravilhoso do início ao fim, todo mundo um preocupado com o outro, a gente fica cercada de carinho’

A servidora pública Simone Jales Dorneles, de Coronel Fabriciano, foi outra que venceu o desafio e já pensa no do ano que vem. Ela fez quase toda a caminhada sozinha, rezando para agradecer a Deus pela cura de sua filha, Juliana Jales, que teve câncer na mandíbula. “Não sou acostumada a longas caminhadas, sou sedentária, mas experimentei o ápice da emoção em participar da caminhada e da Festa de Santa Cruz. Foi maravilhoso do início ao fim, todo mundo um preocupado com o outro, a
gente fica cercada de carinho. Numa subida pensei em parar, tomei água, me dei um minutinho e tive as forças renovadas para seguir em frente. Foi um presente de Deus ter participado dessa caminhada, coloquei minha cruz enfeitada no meu cantinho de oração e me emociono só de olhar para ela, é indescritível”, revelou.

A bancária Katia Ribeiro, de Belo Horizonte, é acostumada a participar de longas caminhadas, mas também se emocionou: “Gostaria de agradecer à comunidade de Ipoema pela oportunidade de ter participado desta festa tão linda. Muito obrigada, de coração. Nunca me senti com uma energia tão boa quanto a dessa festa. No ano que vem, se Deus quiser, irei fazer a maior campanha para conseguir levar mais pessoas para participarem”.

Segurança e apoio

Apenas uma semana antes do evento, a comunidade de Ipoema foi informada da existência de um laudo do Corpo de Bombeiros, emitido há oito meses, desaconselhando, por questões de segurança, a realização de festas no Morro Redondo. A comissão da festa não poupou esforços para minimizar esse problema. Com apoio da Secretaria Municipal de Agricultura, da Administração Distrital e do Parque Estadual Mata do Limoeiro foram instalados mais guardacorpos no Morro Redondo. Também foram instaladas placas restringindo acesso em locais considerados perigosos.
Oito integrantes do Grupo de Voluntários de Ipoema - Guardiões do Morro Redondo ficaram em pontos estratégicos para orientar os visitantes e auxiliar idosos e pessoas com crianças a chegarem ao Santuário Senhor do Bonfim.
Como nos anos anteriores, a Prefeitura de Itabira, através da Secretaria Municipal de Saúde, cedeu uma ambulância com uma enfermeira para acompanhar os caminhantes e ficar à disposição durante o evento.


Este ano, como nos anteriores, a Festa de Santa Cruz foi prestigiada pela comunidade local.

Lá estavam, por exemplo, Izabel Jesus de Castro e Geraldo Gomes, ex-zeladores da capela, e Domingos Arsênio, 78 anos, neto de Sá Chiquinha, que cuidava do primeiro cruzeiro instalado no Morro Redondo.
Várias personalidades também participaram, como o prefeito Damon Lázaro de Sena, o vice-prefeito Reginaldo Calixto, o administrador distrital de Ipoema, Luiz Carlos de Souza, a presidente da Câmara Municipal de Bom Jesus do Amparo, Inês Santos, e o diretor de Ferrosos Sudeste da Vale, Antônio Padovezi.